terça-feira, 20 de agosto de 2013

Zig Now!



Zig Now: uma poética do desaparecimento
Cristiano Piton

O corpo transborda!
Ele confunde suas necessidades com as potências alheias, seus limites perpassam os limites do outro.  Ele se esbalda!
O corpo comunica pelo gesto, pela ação, pela beleza e potência de músculos, formas, pêlos e texturas, o atrito e a fricção, adicionam suores e cheiros aos sentidos, que se confundem e registram sensações na carne.  E os sons? Estes podem levar-nos aos locais mais inóspitos, ou aos mais desejados... O corpo é um presente. O corpo está presente. Ele se utiliza de práticas performáticas e artifícios para dizer o que deseja que seja dito.
A performance se dá a partir do estado presente do corpo.
Entretanto, sensações diversas podem ser provocadas a partir da ausência: entre expectativas, irritações e possíveis gargalhadas ou reflexões solitárias. O estado ausente também pode comunicar. O corpo também pode comunicar a partir de sua ausência.
O corpo ausente da cadeira ao lado no escritório pode chamar atenção para sua existência? A surpresa pode surgir a partir de qualquer situação e tudo pode se tornar o exercício para que outras ações aconteçam. O simples exercício do desaparecimento pode ser construído no cotidiano e pode servir como matéria para criação.
O Três Nós Três, coletivo paulista que realizavas ações nas ruas na década de 60, por exemplo, cobria as cabeças dos monumentos, a cabeça escondida atraía a atenção das pessoas nas ruas para a existência dos monumentos... O artista búlgaro Christo costuma “empacotar” lugares e monumentos, que ganham destaque por suas ausências do cotidiano por determinados períodos.
O corpo que desaparece dilata o tempo, extrapola o espaço, se coloca em diversos lugares simultaneamente: entre onde ele deveria estar e onde ele se colocou.

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